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Designers repensam o papel do bar em casa, criando peças tão especiais que se tornam verdadeiros cofres para bebidas de primeira linha
Ter um bom bar montado em casa é primeira necessidade no manual do bom anfitrião. Não só a seleção das bebidas, dos cristais e outros acessórios, mas a escolha do próprio móvel revela personalidade de seu dono.
Por muitos anos coube ao carrinho de chá exercer essa função, se adequando aos tempos de espaços menos formais, servindo não só como bar, mas também mesa de apoio ou aparador, sempre trazendo sofisticação ao ambiente. Não é por acaso que edições originais dos anos 50 em jacarandá do carrinho de chá desenhado por Jorge Zalszupin – símbolo do modernismo brasileiro – valem verdadeiras fortunas e aparecem raríssimas vezes no mercado.
Dentro desse contexto, é interessante notar uma nova geração de criadores que se volta ao tema do bar como objeto de pesquisa. Expoente do design mundial, a espanhola Patricia Urquiola surpreendeu no último Salão do Móvel de Milão com a coleção Credenza, feita em parceria com Federico Pepe. As portas de vidro das cristaleiras foram confeccionadas manualmente com a mesma técnica dos antigos vitrais das Catedrais, reinterpretados aqui por cores e desenhos contemporâneos.
Também valorizando o “feito à mão”, o brasileiro Leo Di Caprio criou o Bar Ziggy, inspirado pelos grafismos das joias indígenas brasileiras. Formado por mais de 1.000 peças de MDF, laqueadas e encaixadas uma a uma, a peça precisa de mais de 300 horas de trabalho para ser construída.
O brasileiro Paulo Goldstein, por sua vez, aposta no processo conceitual: reaproveita materiais para criar móveis carregados de personalidade e história e questionar as relações de consumo. No caso do Bar Faber uma antiga vitrola e uma banqueta ganham engrenagens em latão e se transformam em um bar caixa-de-curiosidades.
Já o inglês Studio Swine, formado por Azusa Murakami e Alexander Groves, remonta a cultura chinesa milenar – desde paisagens montanhosas do país à tradição dos gabinetes de chá – para a coleção Metallic Geology com peças escultóricas feitas de alumínio fundido. Esse aspecto artsy está, ainda, presente no bar Septagon, fruto da parceria alemã entre a designer Elisa Strozyk e o artista Sebastian Neeb, em que uma complexa superfície tridimencional de madeira cria um efeito semelhante a um cristal esculpido que, apesar das pequenas dimensões, nunca irá passar despercebido e despertará um incontrolável desejo de se espiar por dentro, assim como cada uma das outras criações.
Não basta ser apenas bonito, um bom bar precisa conter acessórios e bebida à altura. O primeiro passo para que sua casa seja mais disputada que o point da vez, é ter um bom copo de cristal, produzido com o mesmo critério de um legítimo single malt. Esse é o caso das peças produzidas pela irlandesa J. Hill’s Standard, em que cada copo é esculpido à mão unindo técnicas ancestrais e desenho contemporâneo de premiados nomes como Martino Gamper e Scholten & Baijings.
No caminho oposto, a marca norte-americana Othr uniu tecnologia de ponta em impressão 3D e matérias primas sofisticadas, como a prata e o bronze, para criar acessórios apenas por encomenda. É o caso do abridor de garrafa Ico, desenhado pelo studio nova iorquino Fort Standard, em que qualquer uma de suas 20 faces triangulares pode ser usada. Já o tatuador-fenômeno Scott Campbell criou um saca rolhas cheio de personalidade e sem nenhum mimimi. O Saved (homônimo à sua recém-criada vinícola na Califórnia) resgata o desenho clássico do objeto e devolve o prazer desafiador de se abrir um vinho. Em latão sólido, o acessório recebe a gravação de símbolos similares aos de suas tatuagens.
Apostando em novas fórmulas e sabores duas marcas nacionais pioneiras chegam ao mercado explorando todo o potencial da nossa cana-de-açúcar, cada uma ao seu jeito. O Virga surge como o primeiro gim artesanal do país, com um rico aroma e cuidado no preparo, que envolve re-destilagem em alambiques de cobre, fogo a lenha a muita história. Já a TiiV se apresenta como a primeira vodka orgânica do Brasil, com um processo consciente e ecológico que a torna tão pura e suave quanto seu belo design minimalista.
ONDE
GQ magazine
QUANDO
2017